A carta que nunca lhe escrevi, avó

No meu coração tenho lhe amor eterno
Falo de si com um carinho de amiga, de mãe
De uma avó que não falhou em nada
Não lhe poupo em elogios.
 
Tive a infância mais feliz que uma criança podia ter,
Fui uma menina mimada, Tive muito carinho 
Guardo com ternura cada memória
Sinto-a viva em mim
Tenciono não me esquecer de si
Até porque tenho de si muito em mim
 
Tenho saudades do seu colinho
Do abraço aconchegante
Do afago no seu regaço de amável avó
Minha querida e doce avó de rosto suave.
 
Perco me vezes sem conta
Nas memórias tão presentes.
Faço questão de não a manter distante
Todos os dias a mantenho no pensamento
As nossas conversas, as nossas aventuras
As nossas alegrias e risadas sem fim.
 
Conheci consigo a perda,
Numa idade em que tudo já se percebia e se sentia
Uma dor intensa que não conhecia 
E que me corroía por dentro
Um fogo que queimava e só queria que parasse
 
Sinto que não nos foi permitido uma despedida decente
A morte foi rapinante e a levou de mim
Sinto que ficou tanto por dizer
Uma conversa e um abraço pendente
 
Quem dera que o céu estivesse mais perto
Esse lugar especial que está longe demais
Sobre escadas e escadas feitas de dor e saudade
Que me afasta do seu olhar
 
Queria que o tempo nos desse mais tempo para sorrir
Para vivermos tudo outra vez
Sei que um dia voltarei a ter esse abraço
Que tanta falta me faz
Mas é uma demora penosa
 
Estamos juntas em memória e pensamento
Mas não chega, preciso de si
Mas é tudo o que temos neste momento, 
É uma saudade que dói, avó.
 
Dava tudo para poder viver um dos dias de pequenina
Em que entre mimos e carinhos
Eu era feliz ao seu lado.

 

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