Feudo dos silêncios

Percorri a noite dissimulando meu ser
entre as sombras e as sobras de uma solidão
que chega penetrando na timidez de minh’alma
convertida num feudal momento do tempo em reclusão
 
Assentei por escrito todos os versos despojados
Converti minha existência demolindo cada prece semeada
numa oração onde descortino o anonimato da fé brotando
e vadiando na alvorada que chega derradeira e emancipada
 
Lembrei aos ventos como era bom contemplar a chegada do teu
perfume abrigando-se na dócil sacada dos meus sonhos engendrados
sílaba a sílaba até se despir pra sempre o sopro suícida
dos nosso entes perdidamente enamorados
 
Foi tempo de espiar a madrugada desembrulhar gota a gota
a esguia sombra que rompe no dia incrustado em mim
Deixar a noite convertida ao eco de cada silêncio persuasivo
desenhado na esfingíe de um sonho gritando cativo
FC
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