Há Milanos Luzes

Há anos e anos luzes daqui dali,

Distante do tempo e espaço,

Na estrada do desamparo permaneço abaixo da aurora do mal,

A fitar com sombras e cores do horizonte a procura duma face...

 

As nuvens de alumes se formando rumando desenhando a tarde

E a tarde atravessando a tarde,

(...) Arranco-me a mais de mil dobrando os infinitos descalços (...),

Eis minha odisséia mal aventurada, minha aleivosia cruzada dum aceno.

Venci raios e trovões,

Deuses dos terremotos e virgens do pecado

Anjos malfeitores e ninfas belas,

Fadas negras e imbecis sátyros dos bares mornos,

Mísseis venenosos e mares terroristas,

Tempestades de ideias e atormentados monstros,

Diabos bons e viciados de domingo.

Envelheci, mas em sacrifício continuei a cavalgar céus e tempos,

Poeiras serras pradarias planetas mundos, uma esquina, um olhar...

De repente parei porque te perdi,

O vento traiçoeiro e maldoso espalhou no campo azul do dia o belo rosto

Que aquelas mesmas estranhas nuvens estavam a amodelar

No quadro renascentista do ocaso...

Há anos e anos luzes daqui dali,

Distante do tempo e espaço.

 

Género: