Poema da Pena

Corre devagar a minha pena molhada em tantos tinteiros....

Tantas manchas ilegíveis ....

Tantos borrões que mortos se erguem agora

Pegadas míopes de uma caminhada longa e escura com alguns flaches de uma musica nunca tocada

Tantas vezes ouvidas numa talentosa vibrante orquestra desmembrada .....

Tantos maestros gesticulam num ritmo quase infernal quase desesperado......

Ouve-se ao longe o ribombar de gente calada

Séculos de revolta desorganizada quase imperceptível que ninguém comanda ...

Tanta gente quer e quase querendo fica imóvel e já não quer nada......

Longa é já a espera de uma pena que descobre mesmo agora Que de tanto penar ficou lavada......

São doces suas lágrimas

Porém em sua doçura reclamam antigo azedume de muitas vidas feridas sem sentido

Mas sentindo ainda no peito aquele calor de tanto amor desfeito rasgado pisado

Dias de uma tão triste felicidade mascarada em que já nada importa e tudo é importante

Na lupa de injustos e incrédulos julgamentos cuja causa se perde em dejectos de muralhas de pedras arremessadas

Mas sem nunca atingirem o alvo indefinido.......

De tantas vãs doutrinas inusitadas.

Regina Pereira 2014

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