Amor

Meditações noturnas

Quero compor, à noite, as poesias
E os nuances dessa lua morta,
Alcandorando minhas alegrias
Para os fantasmas que me batem à porta.

Dos camafeus, o brilho incontido,
Que faz medrar as dores do meu ser;
No tênue corpo níveo e definido,
Quero o olor das rosas pra viver.

Na tepidez real das madrugadas,
Teus seios nus molhados que intumescem
Em minhas mãos sofridas e caladas
Que te violam e desaparecem.

Corpos ausentes

Meu corpo a procurar teu corpo ausente;
Minhas mãos a tatear sem direção;
Meus olhos a buscar-te eternamente
Nas curvas irreais do coração.

Meus braços a tocar dilacerando
Uma silhueta no espelho triste;
E a boca solitária mitigando
Teu beijo quente que ainda persiste

Em traduzir o anseio dos meus olhos
Pelo teu corpo calmo e transparente
Na trepidez volátil do meu mundo;

E esse meu corpo de areia e abrolhos
Beijando o dorso do teu corpo ausente
Encontra o gozo desse amor profundo.

RADIÂNCIA DE AMOR …

 

 

Bebo de ti a água que me inspira

esta sede insana de amar-te

com frescura eterna.

 

Poetar o teu corpo para chegar longe dentro de ti,

ir ao fundo do teu profundo e não voltar.

Seres tu o livro do meu mundo.

 

Dar-me a ti sem distâncias,

esperar-te sem ânsias,

dar-te tudo.

 

Quero conquistar a direcção do teu olhar,

acender-me nos teus olhos e voar,

entrar em ti e em ti morar.

 

Pintar a minha alma nua no teu horizonte,

Devaneio

DEVANEIO

Pensar em teu corpo n’outros braços
É uma dor sem pesos ou medidas;
É um esforço, sem fim, que hoje faço,
Pra não ser minha vida consumida.

O meu ser já sem forças desfalece;
Meu coração só pensa em morrer.
Tudo em que penso só me desvanece,
Pela ausência que sinto de você.

Ouço já do meu peito um gemido...
Por que teu coração é tão ingrato?
Pode alguém de amor ficar perdido?
Pode haver, de amor, morte de fato?

Francisco Moreira Filho

Amor Perfeito*

Quando encontrar a casa perfeita
Encontrarei a pintura certa
A roupa fresca na gaveta... 
E o amor perfeito na janela!

Saberei que a quem espera 
Sem demora a vida se dá trégua
Com sons de pássaros na casa aberta
Sentarei a sua espera...

Na completude... Do amor perfeito na janela!

F.G.

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