Surrealista

Quadras de S.João

Sou manjerico de papel,
Mas se eu fosse o S.João
Não só seria o manjerico
Mas também seria balão
 
O manjerico é um amigo
E quem dera ao S. João
Ser a planta manjerico
Em semente de Verão
 
Sou manjerico arbustivo
Bicho-da-conta num mato
Dou folhas de manjerico
Na terra d´um carrapato
 
Manjericos em fileira
Fiesta nos cantos de um quintal

Paraíso

Paraíso

 

Amor - Rio

de corrente e raso -

De águas cristalinas,

por entre pedras preciosas,

flutuam flores perfumadas.

 

Indo a um mar onde as

ilhas e terras paradisíacas,

coexistem em harmonia.

 

Vem, entremos nesse rio,

e sigamos a sua direção 

e sentido naturais,

afim de alcançarmos

essas ilhas e terras:

Da eterna perfeição.

 

Sérgio Accioly

visitem meu blog: http://canto-e.blogspot.com.br/

 

Fugae (vôo)

Fugae (vôo)

 

Crescente pensamento

através do que é mortal,

efêmero, flutuante...

 

Abertura de asas e voando,

testemunhando palavras,

frases, orações...

 

Escrevo tudo em

regras gramaticais,

e, em seguida:

Eis poesia gratificante.

 

Sérgio Accioly

visitem meu blog: http://canto-e.blogspot.com.br/ 

Estou doente

Estou contaminado por cactos
Que me picam as raízes na terra
Contaminado por surreais factos
Em caminhos cansados da serra
 
Estou contaminado por aves
Pelo caracol de cornos ao sol
De músicas feitas em caves
Da cor amarela do ovo mole
 
Contaminado pelas japoneiras
De joaninhas que floram do chão
Pela luz das amendoeiras
Calor felpudo de um minhocão
 
Que sente no dedo as abelhas

Algo irá acontecer

Algo irá acontecer

No rastejar livre das minhas raízes sólidas

Do ar, um cócó de pássaro cai no ombro da minha folha

Esborrata-se todo no ramo e desce caminhos de voo

 

Algo terá que acontecer, algo irá acontecer

O galo que canta sempre cedo demais ou demasiado tarde

Sem metas e sem desafios, um galo livre de cantos

Nas veias do relvado ensopado de água

 

REALIDADE ALTERNATIVA

           A Linguística faz do poeta um anjo desesperado, voraz a devorar limitados símbolos sem significado. E de repente, as palavras se tornam vivas, saltam sobre a tela ou saem do papel desesperadamente lindas ou ásperas a se deliciarem no ritmo alucinado do pensamento. Um poeta amador delineando um poema amável, uma poesia alada. Alguma vez você contemplou o universo completamente nu, jogado aos seus pés?

A Procissão

Nascem petalas nas costas do tempo
gritos de cor queimam socalcos do chão
em piruetas de sonhos cala-se o lamento
murmurado nos passos lentos da procissão.

Os rostos escondidos sob o véu do medo
criam sombras bailarinas à luz das velas
olham os céus e pedem-Lhe segredo
erguem os corpos sobre o peso das mazelas

Misturam nas lagrimas as tintas da vida
e pedem por si e pelos outros que não estão
pedidos pequenos de esperança perdida
pisam sem pressa os socalcos do chão

Sexta-feira treze e o dia de São Valentim

Na sexta feira treze e no dia de São Valentim
Não se viu grande coisa nem se viu manatim
Somente pássaros a chilrear no seu ninho construído firmemente
O pólen das flores a voar e nas poças de água pousar levemente
 
Hoje, lá fora, a gaiatada às escondidas atrás do portão
Que no meio da noite não se confunde com corujão.
Ontem, cá dentro, a saudade de uma juventude
Sentada à espera de uma mudança que mude
 
O Senhor Custódio continua a vender as gomas

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