Surrealista

(outro) Deslize

 
(outro) Deslize.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
…Mais um dia, outra forma,
frutos maduros,
absortos no chão imaculado,
criação visual,
desígnio de um corpo morto,
sobejado de sexo
e sangue derramado
sobre perpétuas pétalas secas.
Um esboço furtado
do único medronheiro

Essa Poesia Morreu De Overdose.

Seringas no chão 
Saúde no ralo... 
Farmacêuticos viciados
Em Morfina. 
Fábricas de solda
Fazem barulho. 
O clube da cefaleia
Vomita cápsulas de aspirina.
O gravata e suas faces...
A cidade, o caos
E a solidão da vida. 
O caminhão cheio de entulhos...
O frenético tecido
Dos braços cromossômicos...
O fim sem saída...
Cocaína e anabolizantes. 
Na esquina, um assassinato.

Convidei a Morte para um copo

Convidei a Morte para um copo,
Mas já estava morto.
Deixei cair o copo,
Partiu-se no chão,
Desfez-se
E eu nem me apercebi.
Não consegui tirar os olhos dos seus olhos verdes,
Nem do seu vestido tom de pele, mais escuro que a sua.
Olhei-a por dentro,
Mas não reconheci nada,
Nem uma gota de alma,
Apenas o vazio a nadar no fundo de uma garrafa velha.
Mergulhei no seu interior,
À procura da esmeralda escondida nos seus olhos,
Mas não encontrei nada,

sentido

Um sentido único, só esse teria sentido, esse só sentido.

​Eis um sentido dado pelo sentido, o sentido de ser, a razão porque tudo terá ou não sentido, uma razão completa de se ser.

​O sentido dos motivos e os erros motivados. Erros sobre os motivos serão em sentidos duplicados.

vem

Vem! Vamos viajar para o infinito.

Vem! Estamos seguros de que vamos, estamos juntos no que somos. Viajemos agora de sol poente, não tardará a rainha da noite. Não faltarão as estrelas ao luar.

Vem junto do meu peito, protege-me dos medos, leva-me contra eles e prevalecerá a glória!

Olha como são lindos os nossos sonhos! Vê como se espelham no céu negro, brilhando com a lua!

QU'HOMEM ESTE... (leia-se: COMEM ESTE)

QU'HOMEM ESTE... (leia-se: COMEM ESTE)

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Era um implacável assassino:
Matou, violou, estropiou,
Na impunidade total.

Mas o destino
Veio um dia,
Trocar as voltas (que ironia!)
A tanto mal...
… E foi-se a Vida
(Ou seria: Foice?!).

Disseram com hipocrisia
Na sua despedida:
"Que descanse em Paz"!...
E o corpo ali ficou
Exposto ao Céu,
Depois de o taparem, as pás.

Mas a Paz
Não aconteceu...
Os vermes vieram
E rasgaram, violaram, estropiaram...

Doce Nostalgia

 

 

 

                                                       DOCE  NOSTALGIA

 

 

 

Que doce nostalgia tem o amanhecer

Que perfume trás a Primavera ao raiar do dia

Perfumes e melodias ,melros e cotovias

...Malmequeres e girassóis

Abraço com os olhos a leveza do dia ameno

Vislumbro a calma ondulante da seara

Aconchego o pensamento na serenidade do amanhecer

E sinto o vento arrepiar minha pele

Sento-me debaixo do sobreiro

E espero ver passar o melro e a cotovia

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