Ébrio

Por mais que se prolongue a meu lado,essa tal de solidão.
No quadro pintado é a noite coberta de lágrimas, arte em si numa cegueira temporária.
Não bebo sozinho as mágoas com que me engasgo, escondido neste ponto de ruptura com essa tal de solidão.
Cada copo que bebo foste tu que me provocaste a pedi-lo, sabendo muito bem a minha fraqueza.
E eu bebo, um a seguir ao outro, ansiando o teu riso.
Riu-me da minha figura, olhando-me ao espelho, com essa tal de solidão.
Mas não me rio sozinho, a gargalhada é provocada pela ressonância do teu riso na minha cabeça.
Encontro lentamente o meu caminho para casa com a tua ajuda.
Tombando continuamente numa embriaguez, com essa tal de solidão.
Mas não tombo sozinho. Cada vez que abraço o cimento, levanto-me a olhar para ti.
Levanto-me, sim. Com essa tal de solidão.
Mas não me levanto sozinho.
 
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Comentários

Parabéns!! Lindo poema!

Abraços!