Auschwitz

Nesse dia cheio de sol,

em que os pássaros voavam lentamente

como o tempo,

de um relógio que abranda, sereno,

chegaram hesitantes,

olhando aqueles canteiros cheios de flores,

Flores no esplendor da sua beleza,

sentiram esse cheiro que se exala,

mas não inebriava,

as flores cheiram a carne queimada,

carne que é pó, um pó seco insuportável,

e os pássaros são corvos,

de um olhar negro, baço,

se é que existem mesmo,

E os sons ao longe, são lamentos,

Lamentos que o vento transporta ainda,

Reprimidos por aquelas mães,

Que tudo advinharam,

E não existem mais.

 

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