A Dama da Noite (Fragmentos De Uma Saudade...)

Arfando, olhando pro nada,
Enrugada ela estava.
Ela estava sentada...
 
Anódina de corpo.
Abatida e jogada.
Na pose dela
Sem muita trela
Seu corpo aguentava. 
 
Estava mais que convencida:
Era quase!
Era quase despedida. 
Ela: veterana nos cardápios da vida!
 
Todos os cabelos...
Todos os cabelos bem branquinhos.
Pra ela que não se mexia
Eram quatro estações por dia!...
Eram dias de muitos minutos...
(Até mais do que se parecia.)
 
Mudas de Rosas, canteiros, cinzeiros
E prosas. 
Folhas prostradas do Outono.
 
A Dama da Noite era a mais perfumada!
Todo dia, ela sempre desabrochava
No mesmo modo de vida
Levantava e molhava os seus cabelos 
Com água morna, 
numa garrafinha...
 
Anoitecia e ela começava a contar os seus elos
E flagelos, e aquilo não combinaria
Como passado. 
Cabelos branquinhos como a neve,
Ela observava a agonia:
O sol, a noite, a chuva, o frio, o calor...
Os problemas, os destinos e a família.
 
Um dia, este olhar estivera todo aceso e preparado
Preparado para ser mais um Livro de Vida!
Jamais será esquecida.
Saudades, sim, eu trago no peito
E o peito já é pouco pra mim...
 
Eu, uma jornada a se adaptar em breve...
Ela sabia, ela sabia.
Existem destinos que o homem não decide. 
Existem caminhos que o homem não desvia.
 
Eu, uma vida nua, crua e vazia...
Ela, do olhar cansado, desmotivado e antigo.
Minha vó preciosa!
Meu grande abrigo. 
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Saudade! Há! Saudeda!  "Um veículo de transporte"...  De dor!

Abraços!

 

M.C.R.