Deusa Carnal

Deusa carnal      

 Nas tuas mãos
 seda e cetim,
 meu corpo urge
 deslumbrado,
 pelo teu peito suado,
 colado em mim.

 Pacto de almas
 vinho e fermento,
 frágua que aflora
 tempo sem hora,
 de pomo carnudo
 em mosto sumarento.

 És deusa fulgente
 que se abre em flor,
 excitação das águas
 lábios em saliva e suor.
 Meigo toque ardente
 em néctar de volúpia,
 seiva e melaço sedento,
 que sorvo languidamente.

 Tu és fogo de Afrodite
 e eu, dedicado Orfeu
 numa odisseia de clãs,
 onde o céu é o limite,
 num apogeu de Titãs.

 E vêm-se os espasmos
 e soltam-se os gemidos,
 descerram-se os orgasmos
 na epiderme dos sentidos.

Rui Tojeira

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