Entrevista com a morte

E pelo que você estava protestando? - Perguntou o senhor frente ao portão. -

Por conta de crianças que foram estupradas, e crianças que foram exterminadas antes dos dez anos. - Respondeu o rapaz. -

Então eu não vou deixar você entrar aqui. - Respondeu o senhor frente ao portão. -

Você não vai morrer hoje, vou mandar você de volta, e dessa vez com mais sorte. Mas não abuse da sorte. - Disse o senhor frente ao portão. -

Mas senhor, se o senhor me mandar de volta pra lá, eu vou protestar de novo. - Disse o rapaz falecido. -

Eu sei. É por isso que eu vou mandar você de volta. - Respondeu o senhor frente ao portão. -

E o senhor frente ao portão, fechou o portão. -

Foi o momento em que Allan Smithed, um jovem ativista de 21 anos acordou no hospital. Violentos protestos entre ativistas e policiais aconteciam por quase toda a cidade àquela noite. Allan deu entrada no hospital com dois ferimentos à bala, tinha passado pelos procedimentos de emergência, e tinha sido considerado como morto, falecido. Mas Allan acordou minutos depois de sair da sala de cirurgia. Já sendo levado em uma maca, uma enfermeira notou que ele tinha acordado e chamou os médicos de volta à sala. Dia seguinte, quando já lúcido e recuperado, Allan contou aos médico e as enfermeiras de plantão, sobre a sua entrevista com a morte.

Charles Silva