GRÃOS

GRÃOS

 

Grãos de areia que se vão e que são vãos

O vento que sopra ao acaso e balança os cabelos

A onda que compõe canções com pausas eternas

Os pássaros que rodopiam e bicam a praia deserta

Os ônibus que passam ao longe, sempre em frente

A contramão que se anuncia e avança

A reta que surge e cancela as curvas

As dores que se vão porque há algo maior

A beleza que se opõe ao belo imposto

O artifício que conduz ao natural, mais alto que tudo

O olhar desprovido de “antes” e “depois”

O toque sem precedentes

O barulho contínuo nunca ouvido

O cheiro de vida, morta por todos

O paladar pelo não

A verdade escondida

A granel

 

 

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