A IGREJA DO SOFRIMENTO

A IGREJA DO SOFRIMENTO

Em tempos recentes de catequista alertava os jovens adolescentes para o drama da perseguição aos cristãos no Mundo.

A maioria dos catequizados ficava incrédula ao saber que mais de trezentos milhões de cristãos vivem em países onde há perseguição religiosa. E quando isso acontece, não há respeito pelos direitos humanos. Vem aí o dia 10 de Dezembro, dia da celebração dos Direitos Humanos e será bom relembrar estes acontecimentos, que se faça uma séria reflexão sobre a liberdade dos cidadãos na sua plenitude social, laboral, política e religiosa. A Declaração Universal dos Direitos Humanos garante a liberdade religiosa, mas, como em muitos outras obrigações, os governos esquecem-se de a tornar efectiva.

  A Igreja está a sofrer os piores ataques, a maior quantidade de mártires desde os primeiros dias do Cristianismo, atingindo números históricos. O Cristianismo durante os próximos três anos irá desaparecer em diversos países. Há países em que a liberdade religiosa é uma questão de sobrevivência. E se um dia chegar o seu desaparecimento na Europa?

Vivemos tempos de Advento, tempo preparatório para o anúncio da Boa Nova, o nascimento de Jesus Cristo.

Sem esquecer as festividades natalícias, é importante salientar e lembrar a Igreja do Sofrimento, a Igreja Mártir, uma Igreja incubadora de amor e fraternidade.

Se percorrermos o nosso mapa, temos uma China a demolir edifícios cristãos e a instituir a proibição exterior de qualquer simbologia cristã, concretamente as cruzes.

No Egipto há frequentes ataques aos cristãos coptas, com muito mortos e destruição dos seus templos.

Na Eritreia, mais de mil cristãos estão presos pelas suas convicções religiosas.

Na Índia têm-se verificado mais de quinhentos incidentes anticristãos, com mortes, mulheres estrupadas e espancamentos.

No Irão, muitos bens da Igreja foram confiscados, detenções prolongadas e muitos cristãos torturados.

No Iraque, o Daesh tem levado uma série de crimes contra cristãos e na Nigéria os grupos islamistas, em particular o grupo terrorista Boko Haram, rapta meninas e mulheres, atacando populações cristãs, gerando uma onda de violência e provocando mais de um milhão e oitocentos de refugiados ou deslocados. No coração da África, grupos armados não só matam os cristãos, como incendeiam Igrejas e locais de culto.

Na Coreia da Norte, é o próprio estado a promover a perseguição e a cometer incríveis atrocidades em campos de concentração, com trabalhos forçados, tortura, fome, violação, violência sexual. Há mais de sessenta e cinco mil reclusos por convicções religiosas.

No Paquistão, verificam-se ataques constantes contra as maiorias cristãs, enquanto a Arábia Saudita é um dos países mais perigosos para quem seguir a mensagem de Jesus Cristo. Quem se converter ao cristianismo é punido com pena de morte, mas por vezes os cristãos conseguem ver a pena “aliviada” e são apenas chicoteados, torturados e deportados.

No Sudão, há demolições de igrejas, prisões para cristãos, confisco de livros religiosos e violência relacionada com a Fé.

Há vinte e dois países onde o radicalismo islâmico impera, dezasseis estados autoritários com nacionalismos extremos com reflexo em quem pratica uma religião.

A perseguição aos cristãos atinge níveis históricos em pleno Século XXI, mais de 327 milhões sofrem de perseguição religiosa e há 178 milhões que são discriminados por seguirem uma religião.

Um em cada cinco cristãos é perseguido ou discriminado. Estes são dados da Fundação AIS – uma Organização dependente da Santa Sé. Não são números inventados.

A relembrar esta triste realidade, infelizmente poucos países - Portugal, Itália, Reino Unido, Austrália, Irlanda e Estados Unidos -, aderiram a iluminar de vermelho, cor de sangue mártir, alguns dos seus monumentos mais importantes.

 Neste tempo de Advento, cada cristão assumido e comprometido deve fazer uma reflexão sobre estes números e não assobiar para o lado.

Esta é a perspectiva de uma Igreja Mártir, sobre a qual poucos escrevem ou falam. Não vende papel...

 

António Alves Fernandes

Aldeia de Joanes

Dezembro/2018

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