NA CACUNDA DO LAGARTO

NA CACUNDA DO LAGARTO
Um lagarto relâmpago relampejo,
de cores e amores rastejantes,
que empoeirava caminho,
saracoteou na frente de Claudinho.
Claudinho esfoliador de letras encomendadas,
das laudas prontas como fabrica de salsichas,
nem pensou e num instante grudou lagarto
passante como passageiro errante.
Na Cacunda do Lagarto misturou o seu destino,
fundiram perna corpo intestino,
os rabos emendaram e inventavam no caminho.
Na Cacunda do Lagarto ia Claudinho,
feito vaqueiro na caatinga,
no galope pra o Vale das
Cachoeiras de Cunha, no Valar do espinho.
No vale valores viraram tambores
antes rugidos intrinsecamente,
agora com Claudinho Na Cacunda do Lagarto
tambor soava com alarde valente.
Tudo Claudinho fazia Na Cacunda do Lagarto,
comia cedo jantava, dormia tarde cedo acordava,
escrevia livro e poetizava, rabiscava o passado
e o futuro fumegava.
O lagarto tirou o tarugo da cidade e jogou pro sertão,
deu lhe vida de lagarto a serpentear no chão.
Agora lagarto foi pra um lado e Claudinho foi pro outro,
diametralmente opostos, profundamente indigestos,
antecipadamente insólitos.
Tirar Claudinho da cacunda do lagarto é o mesmo
que tirar lagarto da cacunda do Claudinho,
que coisa mais antiga é a morte,
que coisa mais tardia é a vida.

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