Nos cuidados intesivos

Deixei na soleira do silêncio
 
um sopro de dor em letargia
 
Enquanto a noite corria apressada
 
tão fugidia
 
Somente ali existia o vacilar
 
dos teus prantos batendo nas
 
vidraças do tempo
 
amiúde aconchegando o pacto de todas
 
as nossas felizes e ternas atitudes
 
entregues aos cuidados intesivos
 
da alma incógnita bailando nesta
 
minha imensa quietude
 
 
 
Em epígrafe te deixo meus versos
 
revestidos de amor
 
subsistindo ao tempo
 
deixando no asilo da vida o
 
mesmo sonho ecoando
 
no colossal adeus burilado e
 
incubado neste quase obsceno silêncio
 
 
 
Morre o dia numa tristeza tão copiosa
 
A madrugada que se foi, regenera-se
 
tão minuciosa
 
sorvendo o perfume que teu ser
 
rouba de rompante a uma palavra
 
que reescrevo, astuciosa
 
 
 
Suplanto todas as tristezas
 
sem mais lacunas ou inigmas
 
bebendo na esfinge do tempo
 
o oculto sibilar dos teus beijos
 
conjecturando na leda madrugada
 
que esquadrinho a preceito
 
 
 
Mergulho no tempo nómada e sedento
 
à procura da autoria dos teus abraços
 
suprindo o desejo manifesto em
 
cada súplica mais ciosa que amordaço
 
…envernizando o tilintar da vida arfando
 
no recanto dos cuidados intensivos
 
onde acontecemos, simultâneamente
 
espalhafatosos, famintos, coagulando
 
o amor atado ao uterino momento
 
que nos foge inexoravelmente
 
FC
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