O cruel destino do incunábulo

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Em tempos,
Fora um tesouro inestimável:
Um livro fino
Impresso em folhas grossas.

Mas já nenhum método de restauro
Pode recuperar aquela obra.

Algo mais que previsível -
Quem teve a infeliz ideia de imprimir
Tão secretas artes ancestrais?!
“Os melhores doces conventuais”

Logicamente que as traças,
Só para o comprovar,
Provaram e aprovaram
E assim
Traçaram o triste fim
Do incunábulo.*

07.05.2016, Henricabilio

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*Incunábulo é um livro impresso nos primeiros tempos da imprensa com tipos móveis. A popularização da imprensa começa a ser mais percebida em 1450, com Gutenberg.
Refere-se assim, às obras impressas entre 1455, data aproximada da publicação da Bíblia de Gutenberg, até 1500.
Essas obras imitavam os manuscritos.
Assim, demorou-se 50 anos para que o livro impresso passasse a ter suas próprias características, abandonando, as características do livro manuscrito.

A sua origem vem da expressão latina in cuna (no berço), referindo-se assim ao berço da tipografia.

O grande sucesso da imprensa de caracteres móveis deveu-se à divulgação de um novo suporte, mais barato e versátil que o pergaminho: o papel (inventado na China no ano 105 a. C).

A península Ibérica foi a primeira região ocidental a registar o seu uso e a fabricá-lo, na sequência da ocupação árabe. Em França, no século XV, um volume de 200 páginas em pergaminho custava 200 francos, e apenas 10 francos em papel.

Antes da utilização da celulose em 1840, por um alemão chamado Keller, o papel era fabricado a partir de algodão, linho e cânhamo. Era também comum usaram-se trapos (roupas velhas). Atualmente utiliza-se sobretudo as fibras de eucalipto para obter celulose.
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HenricabIlio & Domínio Público

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Comentários

Gostei do poema e cumulativamente da explicação inerente ao "incunábulo"

Abraço

João Murty

Muito bacana, parece até que por um momento estava numa sala de aula de História.

Gostei muito!

Parabéns e abraços!

Madalena Cordeiro