O VERSO MUDO

O Verso Mudo
Tento versejar mas não consigo
Não porque não tenha tempo
O tempo é muito mas o calor me afecta
Talvez o Sol me impeça
Não deixando a quadra correr
Que no meu pensamento se esgueira
Sobre um caminho que não encontra 
Mesmo que o Sol se vá e o calor arrefeça
As quadras e versos não aparecem.
Venho à varanda pedir ao Sol
Que se vá que se ponha lá ao longe
Para além do horizonte
Para que me traga um pequeno ponto
De luz que faça iluminar o pensamento
Para que a quadra se solte e liberte
E depois de algum esforço ela lá sai.
Mas para minha tristeza
A quadra não disse nada
Insisti que falasse
Gritei-lhe com toda a minha energia
Mas nada disse era uma quadra Muda.
Por fim depois de algum tempo
A quadra Muda falou ou versejou
Ao que me respondeu para quê 
Se as pessoas passam por mim
E não me vêm não me ouvem
Porque não param e se põem à escuta
Aliam-se da realidade que passa 
À sua frente na sua Cidade
E depois de se auscultar
Gritou a quadra em Liberdade
Já não sou uma quadra Muda
Que me querem por a mordaça.
(Carlos Fernandes)
Género: