Passageiro de mim

❤♫ Andre Gagnon - Photo jaunie 回憶(泛黃的相片)

Cansei de ver
 
brigas,rotinas
 
ódios, esquecimentos
 
toda uma ditadura levada
 
numa toada de palavras
 
onde espelhamos
 
os retalhos de vida alheios
 
aos perdões por dizer
 
aos fracassos por resolver
 
 
– Morri quando deixei
 
de ver
 
aquele teu sorriso
 
sempre pontual
 
cheio de coíncidências fraternas
 
lavando minha alma já farta
 
deste tempo onde empobrece
 
qualquer gomo de esperança
 
que ainda sugo a esta poesia
 
atrevida
 
improvável
 
que deixo flagrante em cada
 
verso tão conciliador e inescrutável
 
 
– Percorreremos cada miragem
 
do tempo que nos foge
 
insubmissos
 
desfilando súbitos pela vida
 
que acontece emboscada no ventre
 
de tanta indigência fatigante
 
ali
 
onde por fim nos aventuramos
 
pujantes
 
descerrando as pálpebras ao dia
 
afagando o silêncio andante
 
em longas horas de reencontros
 
breves
 
em tantas eternidades possíveis
 
infiltradas de afectos omissos
 
 
– O ciclo deste presente fecha-se
 
assim momentâneamente domesticado
 
passageiro de mim
 
onde seremos mesmo que inesperadamente
 
o epicentro da felicidade
 
assim aconteça
 
cada verso sangrando de amor
 
assim morra categórica
 
uma vida por tantas vidas
 
agendadas em sacrifício
 
pelos nossos desencontros fortuitos
 
velados num breve dia prostrado
 
na montra deste destino arquitectado
 
na vulnerabilidade predadora
 
de uma fé orquestrada em duas almas
 
que jazem infinitas…revigoradas,
 
desabrochando cada dia mais conciliadoras
 
FC
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Comentários

Belo poema onde o amor redime. Os meus parabéns!