Performance do silêncio

Photo Jaunie / Yellowed Photograph ( André Gagnon )

Em cada olhar se desnuda uma carícia mais tagarela
 
Redescobrindo a manhã que à cautela reabre o invólucro da
 
Vida despertando ígnea e mais singela
 
 
 
Ali ressuscitou aquela parcela de tempo onde mergulho
 
Escoltado entre a imprevisibilidade do silêncio perfeito, solícito
 
E todo exaltado desejo curando meus ais e lamentos explícitos
 
 
 
O tempo revela e amarrota a solidão numa trivela gentil
 
Acoitando aquele mágico e brejeiro desejo deixando só uma
 
Sequela de beijos despontando hábeis, delicados, súbtis
 
 
 
O dia rompe magistral limpando as remelas à luz que povoa
 
Cada partícula de ilusão tão derradeira estatelando-se nestes
 
Versos dormitando nos peitos deste silêncio quase curandeiro
 
 
 
A noite emprenha-se da escuridão vilã e tão aperaltada
 
Que precinto teu preceito abraço chegando inusitado
 
Mordiscando cada palavra que engendro nestes versos supracitados
 
 
 
Sei de fonte fidedigna de onde surgiram aqueles perfumes
 
Fraternais, excêntricos assim flertados, arquitectando cada
 
Meticuloso beijo que almejo feliz e requintado
 
 
 
Sei até como uniformizar cada silêncio para que em cada cântico
 
Deleitado te infeste de carinhos numa performance de solfejos festivos
 
Incitantes, orquestrando o amor na pauta dos sonhos mais paliativos
 
FC
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