Perpétuo é o paraíso de vosso único corpo

Perpétuo é o paraíso de vosso único corpo,
Que por toda vida muito o viemos desejar,
Embora sempre nosso coração tanto alvejar,
A queremos no seu interior que mendiga louco.

Façam mil clones de vós; mas ainda será pouco,
Se mais mil darem-nos para possuir e farejar;
E mais outros mil de vós nosso desejo vir forjar,
Olhos nossos não radiarão; o coração tampouco.

Perpétuo até é o sabor do vosso doce linguajar,
Que contam perpétuos segredos de vossos lábios,
Que dilaceram nossos ouvido com vossa vaga voz.

À nossa concupiscência vendi nosso coração sábio,
Por desejo nosso sem fim e momento vosso veloz;
O vosso corpo pó e perpétuo paraíso para nos alojar.

António Vicente Aposiopese
27/07/12
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