Poesia na minha cama

  Poesia na minha cama
 
 
 
 
Segura a minha mão,
Enrosca-te no meu coração,
Deita-te na minha cama, ó poesia...
E aquece a minh'alma fria,
Vamos ser um para o outro
O que os amantes são
Beijarmo-nos como loucos
Plenos de verso e emoção
 
As carícias são as rimas que te dou
Ilusão que s'inspirou
A curto prazo na memória
Em longo ofício de glória
São um corar de rosas
No jardim de prosas da vida
 
Por isso, ó poesia, minha querida
Deita-te comigo 
Deixa-me beijar-te o umbigo
Os pés, as coxas, os lábios
Para sermos néscios sábios
Amando os pixels, o papel,
Os terminais receptivos da flor da pele
Onde s'escreve a nossa paixão
E nesta subtil sensação
De sermos Cúpido e musa apaixonados
Quedemo-nos enamorados
A dizer p'r'aconchegar
A sonhar p'ra escutar
Sem querelas,
Inspirados nas estrelas 
Nas curvas do luar
Nas ondas do mar
No calor do sol escasso
No refinado sal do regaço
Que é puro como o mel
Neste inverno de frio e fel
O sabor da fruta doc'e acidulado
Mordiscamos delicadamente
Na volúpia aprazível dos sentidos
Desmedidamente entregues
D'amor perdidos
De desejo encontrados
Imaculados pecados
E mais e mais e mais
Até já não termos cânone
Desistir jamais
Em tempo algum
E só mais um
Até sentir o jejum
Preenchido da alegria
De eu e tu, ó poesia
Unidos, enlaçados, jubilados
Fecundarmos a felicidade
O ideal completo
O lídimo corpo do soneto:
 
 
Sonhando a sós, não só, somente
Tu a neve tão fria, eu o sol tão quente
Sublimando o néctar da doce rima
Co'a sã subtileza e a mor estima
 
Feitos de seda, cetim, papiro, papel
Escrevemos os versos macios na pele
Com o toque terno dos dedos na lua
Tão meu o vazio e a luz tão tua
 
Amor essa noite d'amor tão pura
Telintand'estrelas na tela escura
Sôfregos gritando silenciosos prazeres
 
P'ra tu me sentires, p'ra tu me leres
O cerne da nudez na cama repleto
Onde fizemos poema ser soneto
 
Género: