Por um minuto breve

Por um minuto breve. Uma fração de segundo

Deixaste-me penetrar no teu mundo

Pela porta entreaberta por que me deixaste passar, vislumbrei sonhos, desejos, angústias sem par

Tristezas que bastem mas que queres disfarçar. Que escondes, não mostras, não queres divulgar

No lampejo de uma janela há muito fechada, antevejo a esperança só e abandonada

Não quero partir deixando-te ali ficar. Sozinha sem esperança. Com medo de sair

Por um minuto breve. Uma fração de segundo

Pediste-me que partisse. Que abandonasse o teu mundo

A tristeza que te invade e que não consegues largar impede-te de viver. Não te deixa sonhar

Pela porta entreaberta tento voltar a entrar. Peço. Suplico. Que me deixes passar

O eco das minhas súplicas faz-se de novo ouvir. Volta e revolta e torna a partir

Por um minuto breve. Uma fração de segundo

Penso que reconsideres. Que regresses ao mundo

Fechas-te de novo no teu vale de silêncio. Só, isolado com o teu sofrimento

Por um minuto breve. Uma fração de segundo

Pensei ter-te salvo…

...mas voltaste ao fundo!

 

 

AdelinAntunes

 

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