Porto inseguro

Porto inseguro

Entre um comprimido e outro
Saem algumas palavras de conforto
Que ao pincelar a tela branca
Mancha como chalana no rio escuro

Tenho a esperança de os barcos voltarem
Se não voltarem e porque não sentiram saudade
Não foi suficiente meu amor derramado
Ficou à margem deste rio apenas um coração frustrado

Mas os comprimidos estão aí acenando
Levantam minhas dores para se justificarem na prateleira
Eles me acompanham sem reclamar vida inteira
Nas minhas entranhas são verdadeiros a me aliviar

Cada comprimido representa um amor partido
Na chalana que não obedece as curvas do rio escuro
Que entrelaça ondas de outros barcos que voltam
Trazidos pela saudade deste porto inseguro.

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