Realidade paralela

Acomodei-me a este silêncio que foge numa
Nesga de tempo deixando no receituário da vida
Dois cálices desta solidão bem dirimida onde depois
Me embebedo qual doido varrido
 
Pousou aos ombros da noite esta realidade
Paralela consolidando toda a escuridão quase
Tridimensional, para esta angustiante partida
Num poente deambulando acolá tão extravagante
 
Deixei a noite fragilizada, em cacos
Caminhei pelos últimos degraus desta ilusão
Quase bárbara e ultrajante, antes mesmo que
A madrugada feneça nesta hora vazia e relutante
 
São só mesmo um punhado de lamentos esquecidos
Encurralados à silente escuridão onde se aquartelam
Dois centímetros de um silêncio muito apetecido ou a
Génese da amizade que resguardo mais que enternecido
 
FC
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