Sopro no tempo

O silêncio descobre-se a si mesmo
 
pernoita em cada eco do tempo
 
inflamando a noite que arde de tremores
 
folheando as melancolias semeadas
 
nesta solidão alimentando os sonhos
 
numa citação de beijos tão mitigadores
 
 
 
As sombras da luz iludem até o dia fenecer
 
Curvam-se perante a madrugada saltitando
 
em cada sopro de tempo galanteador que se
 
equilibra em extase num abraço fitando o breve sorriso
 
que deixaste no meu ego expectante e conspirador
 
 
 
Lá em cima sei como os céus apartam suas
 
nuvens para teu ser a mim se algemar
 
adocicando a pluviosa gota de chuva
 
irrompendo no silêncio palpitante
 
insensato, imaginativo…expectante
 
 
 
Deixo nos jardins o perfume que as rosas
 
de ti exalam
 
semeando a seiva de um sorriso quase bêbado
 
destilando toda a essência contida na ululante
 
demência de um audível  eco desmascarando
 
um beijo congeminando incitante
 
 
 
Com o tempo deixei coagular a luz que desponta
 
nas veias deste silêncio
 
Alimento as artérias do amor devorando todas
 
as anemias aflorando o hematócrito desta vida
 
escorrendo entre as moléculas do tempo e  aquele
 
exuberante sonho hemorrágico e proscrito
 
injectando no venoso dia itinerante o sopro de luz
 
que morre assim indómito e furtuito
 
FC
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