TEMPO QUE SE PERDEU...

TEMPO QUE SE PERDEU...
Agora, não sei que tempo é, sei que não é o meu.
Saudades tenho de um tempo que ainda não chegou.
Sei que se aproxima um tempo, que ainda não é o meu.
Mas já é tarde porque não mais estou.
Estive em todos os tempos, não me vi em nenhum.
Isto sei que foi normal, estava ausente de mim.
Quem sabe o meu tempo já passou e não me viu.
Como poderia eu reconhecê-lo sem almenos o saber?
Nunca o vi antes dentro ou fora.
Queria bater os dedos e chamar o meu tempo.
Gostaria que ele ouvisse e viesse, sem medo.
No afago do momento a procura de mim.
Não há desencontro entre eu e meu tempo.
Apenas, sou aqui e ele é sei lá.
Lá, exatamente, onde não estou.
Talvez queira pra mim algo que é de todos.
Não sei se cada um tem o seu.
A suplica dos tempos é ser e estar no mesmo lugar.
A realidade da vida é ser e não estar ao mesmo instante.
Primeiro, passo eu, depois...,
vem aquele que não conheço.
O meu tempo a me desejar, desesperadamente.
Lentamente vou ao seu encontro, com desvontade.
A minha sina é não abreviar este momento abissal.
Nego este encontro pelos desencontros
de todos os tempos.
Nasci com ele arraigado em mim.
Cresci e nos distanciamos.
Ele continuou do mesmo tamanho.
Eu diminui, meus intervalos de incidência.
Nada é tão estonteante quanto alguém fora do seu tempo.
Em tudo que é tempo, que é lamento, estou eu.
Fora, do tempo que se perdeu.

Género: