Tranquilidade

Tranquilidade

 

Há por aqui uma aragem branda a circundar
A face do lago. É o vento ameno
Que estimula cada onda a encher-se de água. Em medida pequena
 Ela  respondendo a este toque sereno
Inicia uma dança ao ritmo do sopro do vento ameno.
E eu tranquilamente a contemplar
Esta paisagem tranquila de vida plena.
Num discreto movimento,
Ao sabor do vento
A onda de medida pequena,
 À margem do lago se achega, bailarina...
E na orla da montanha se inclina
À sombra da árvore fresca com a raiz na margem estendida,
Que num discreto movimento,
Ao sabor do vento,
Exibe tranquila, a folha que baila oferecida.
Por entre a roupa verde do arvoredo
Um raio de sol chega cedo
E a hora certa,
À sala de dança  à natureza aberta.
Neste lugar onde o amanhecer escolhe sempre viver
Completa o retrato, a aparição de uma ave
Que num pouso suave
Entrelaça as patas num ramo
Entregando as histórias da sua viagem
Enquanto num discreto movimento
Balança ao sabor do vento.
Que tranquilidade!
Aqui o silêncio é uma trova da vida
Onde a partida é uma nova ida;
Apenas a mudança de estado onde o diálogo entre as coisas
Será outro,
Mais profundo, mais tranquilo...
Eu sei!
E se agora da minha garganta não saem os cantos
Que ouço na minha alma;
Depois serei rouxinol que consagrará serenatas à lua.
Eu sei!
Também sei que quando eu partir levarei
A vida em trova, sem gritos;
Apenas como uma ave que descobre um novo caminho,
Uma nova tranquilidade, um novo movimento
Ao sabor de um mais maduro vento,
Um novo ninho!
 
Fernanda R. Mesquita
 
(Pássaros em viagem)
 
 
Género: