Deixa-me ir...

Michael E | Letting Go

Deixa-me ir
 
pois partirei sem mediatismos
 
Quase anónimo
 
deixando-te à mercê das saudades
 
há tanto tempo telepáticas
 
Sem pseudónimo
 
Apenas nós algemados à osmose
 
destes versos meus tão excêntricos
 
e inflamados
 
 
 
Deixa-me ir
 
sem mais remexer o lamento
 
que se esgueira mediático
 
Enfeitar outras tristezas
 
engolidas no ventre do tempo
 
autografando infinitas sombras
 
deslizando no rodapé do silêncio
 
num Big-Bang quase galático
 
 
 
Deixa-me ir
 
içar tuas velas
 
navegar em cada sorriso que
 
trazes nos olhos
 
Estilhaçar os silêncios por
 
onde cantarolei meus versos
 
agonizando no flagelo da noite
 
amanhecendo em cada heterónimo
 
eco aflito da alma
 
que mais não ouço…pois
 
clama surda engolindo o silêncio
 
que meus versos difama
 
 
 
Deixa-me ir
 
disfarçado no tempo
 
fotografando os diaporamas
 
das alegrias e tristezas
 
experimentando o fel de
 
um adeus enlutado
 
e sem mais subtilezas
 
 
 
Deixa-me ir
 
navegar no marasmo da noite
 
Abandonar as palavras
 
indesejadas…ondulando
 
até remendar a luz que
 
irrompe na cegueira do tempo
 
enquanto a noite desafia
 
a impaciente hora onde afloram
 
as lágrimas das nossas imensas
 
saudades…e que saudades !
 
 
 
Deixa-me ir
 
cumprir a efeméride destes versos
 
seduzidos
 
na virtualidade do tempo
 
Revolver este impaciente desejo
 
anestesiado pela anatomia
 
das memórias compiladas na
 
casualidade de um beijo
 
aliciante,insolente, veemente
 
 
 
Deixa-me ir
 
aromatizar a elegância
 
do teu sorriso
 
Vestir-te de jasmim
 
onde um eco se desnuda escandaloso
 
e os perfumes espelham a sedução
 
e os desejos deliciando-se fabulosos
 
 
 
Deixa-me ir
 
num átimo…
 
feliz, efémero
 
exímio, num ápice
 
saltando os destinos
 
mordiscando o glossário
 
do tempo peregrino
 
entrelaçados ao colo dos
 
desejos tiranos onde aferimos
 
um sonho sucumbindo
 
eternamente homónimo e legítimo
 
FC
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