Fossem meus olhos...

Fossem meus olhos
 
bordados nos imensos céus
 
onde pairam os silêncios teus
 
e então trocaria de vez
 
o sentido impaciente com que descrevo
 
nossa entrega
 
sem indiferenças nem contemplações
 
à luz de plenas
 
recompensas e escravizantes ilusões
 
 
– Que me ornamentes as palavras
 
tecidas na súbita poesia abençoada
 
na penumbra dos nossos ternos
 
e saudosos brados
 
 
– Que me estendas teu estuário poético
 
onde tudo é belo
 
e transita vagarosamente
 
à beira dos nossos rios
 
onde tudo é sonho estendido
 
em desintegrações impressas
 
em cada átomo de vida avassaladora
 
em cada existência demolidora
 
onde traduzimos em delicadezas
 
a graça comovida
 
em infinita beleza assim comprometida
 
 
– Fossem meus olhos
 
inspiração acesa nos teus
 
sustentando todos os celestiais
 
movimentos elegantes
 
fossem os céus
 
os prados memorizados
 
madrugando extravagantes
 
onde nos fazemos convertidos e flagrantes
 
e não mais morreria consumido em chamas
 
mas duraria na vulgaridade do tempo
 
estonteante toda a eternidade
 
expectante
 
excitada pela arquitectura da sabedoria
 
desabrochando acalentadora e delirante
 
FC
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Comentários



Parabéns poeta! Um lindo poema.

Um abraço,

João Murty

Obrigado

Vamos juntos embelezar o mundo

com tanta poesia

Um abraço

FC