Ha vinte annos já, que andas na Terra

    Ha vinte annos já, que andas na Terra,
    Ha vinte dias só, que te conheço!
    Eu andava perdido pela serra,
    E o que eu era então, já não pareço.

    Ha vinte dias só que te conheço,
    Ó meu beijo de Luz! minha Chymera!
    És a Graça de Deus (com qu'estremeço)
    Talvez, o que no mundo, inda me espera.

    Sonho da minh'alma! Ó meu ceu d'estio!
    Pois não tens piedade d'este frio
    Que sinto em mim, na minha solidão!

    Minha bençam de Christo, promettida,
    Não serás tu a Paz da minha vida?
    Oh! não me digas não, que és Illuzão!

Quinta Almeida. Funchal, abril, 1898.

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