Olhos de vidro

 

Olhos de vidro

 

Olhos de vidro,

Nervo ótico ofendido, deteriorado.

Imagens forçadas, fantasiosas, perfeitas, imperfeitas.

Guia do guia não guiado, criado mentalmente, inconsciente-consciente.

Ali, tudo se cria pela resistência inabalável,

Pela luta sofrida, incansável, admirável de se ver.

 

Olhos de vidro,

São para poucos, para aqueles que sabem viver.

Que buscam sentindo, explicações não explicadas.

São para os poucos que aprenderam diferenciar a cor da dor.

São amigos da escuridão, sem medo, nunca estão sós.

Pacientes, determinados, se tornam super heróis pelo ganho secundário.

 

Olhos de vidro,

Tens suas lágrimas engarrafadas, uma a uma, que se tornam bentas.

Tens uma estória não invejada,

Mas orgulho de si demasiado.

Quando levadas aos belos rostos, por aqueles que lavam,

Sem meias gotas, inteiras encharcam a alma da alma.

 

Olhos de vidro,

Agraciados por enxergarem apenas sinais de Luz.

Vivem não de imagens, mas de sentido.

São premiados pelo talento artístico.

Enxergam mais do que qualquer ser humano.

Veem o que não se pode ver com os olhos.

Suas meninas vivem internamente, flutuando.

 

Olhos de vidro,

Enxergam pensamentos.

Enxergam o conhecimento, o ódio e o amor.

Enxergam não a si, mas o que é, a não-coisa.

Enxergam a alma da menina.

 

Já foram perdidos, cegos,

Hoje, olham para cima, e veem que estão vendo o céu.

Aquilo que não se vê, a não-coisa.

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