QUOTIDIANOS – 9º CAPÍTULO

QUOTIDIANOS – 9º CAPÍTULO  

O Papa Francisco, numa Mensagem, elogia alguns singelos momentos: quando um Pai brinca ou joga com o seu filho, quando os jovens jogam juntos, no parque ou na escola, quando o atleta ou o desportista celebra a vitória com os seus adeptos … é possível ver o valor do desporto como lugar de união e encontro entre pessoas… Esta é a base de um texto a enviar às Dioceses.

Quando sei que há Párocos a não entrar numa escola, num campo de jogos, tenho mais saudades dos Padres Ezequiel Augusto Marcos, Manuel Martins, Francisco Vaz e da Escola Apostólica de Cristo Rei em Gouveia.

Cada pessoa é uma pessoa, na minha frente uma senhora, mais nova mas cansada das agruras da vida, ainda não sabe comer com faca e garfo. Muitos que utilizam estes utensílios não têm a dignidade desta frágil senhora.

Um companheiro abrantino, com a escolaridade não obrigatória, mas com muitos conhecimentos históricos. Aprecio as suas memórias. Os franceses roubavam os sapatos aos habitantes de Abrantes para eles os calçarem e não conseguiram entrar na Capela de S. João, mandada construir pela Vitória de Portugal em Aljubarrota. Das encostas do castelo saíram as tropas de Nuno Álvares para vencer os castelhanos. No Castelo há a Porta da Traição, que uns portugueses abriram às Invasões Franceses, que para lá chegar tiveram de ultrapassar a Rua da Barca. Uns grande patifes, que destruíram e roubavam tudo para comer e se  aquecer.

Na sala de convívio um CD do Grupo Mexicano “Los Paraguayos” cantando “guantanamera… quantanamera…”, uma letra poética que na minha juventude, quando comíamos as rações de combate, e às escondidas e às escuras, cantávamos numa versão própria: “quanta la merda, quanta la merda”, quanta merda tinha a tropa… e acrescentávamos versos de um outro poeta que, para não ser preso, fugiu de Angola para a Argélia, onde foi uma Voz de Liberdade, como felizmente ainda o é na actualidade.

Passei umas horas durante a semana na piscina da casa de Saúde Rainha Santa Isabel. A tomar banho e a jogar polo aquático alivei a mente.

Como são interessantes e importantes as reuniões comunitárias semanais, onde tem cabimento a literatura portuguesa,  a tal que determinado poder político faz tudo para esquecer.

Uma boa notícia, chegada das alturas da Torre na Serra da Estrela: a homenagem a Nossa Senhora do Ar que regressou de helicóptero. É o momento para a Junta Regional do C.N.E. da Guarda formar uma equipa, elaborar um projecto com apoio dos Agrupamentos, das Autarquias e Forças de Segurança, e levar o Escutismo ao alto dos Céus, no país, no estrangeiro, nos braços da Virgem do Ar.

Segundo o INEM, quase mil e trezentos menores foram ao Hospital em coma alcoólico. Em tempos “beber vinho dava de comer a um milhão de portugueses”…

Dizem-nos que as leis sobre corrupção, florestas e secretas ainda não estão regulamentadas.

Leio nos jornais vejo nas TV´s: Maria Luísa Proença, uma jovem que nasceu em Aldeia de Joanes, cresceu, estudou, licenciou-se em Línguas e Literaturas Modernas com muitos sacrifícios (filha de um camionista por conta de outrem e de mãe doméstica) e acaba de ser a segunda mulher a chegar à Direcção Nacional da Polícia Judiciária. O trabalho, a humildade, a ética, a dignidade e a competência dão os seus frutos mais cedo ou mais tarde, e sem ultrapassar ninguém, sempre em caminhos limpos.

O Público faz-nos rir com uma vaca leiteira de simbologia bancária: “A Vaca do Pinho.” Na minha aldeia arraiana o meu pai também dizia “vamos vender os pinhos”, em vez de pinheiros.

Segundo o Expresso, há 22 mil portugueses a trabalhar sem receber salário. Andam a trabalhar para aquecer. Quem não lhes paga refresca-se na “ocidental praia lusitana”.

Passo por laranjeiras, figueiras caídas, frutos precoces… Às vezes procuro um ninho que não encontro. As aves percorrem espaços que não são os meus. Procuram sementes que o vento espalhou. Na Primavera constroem novos ninhos e eu ando à procura do meu…

 

António Alves Fernandes

Aldeia de Joanes

Julho/2018

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