Ser do bem, ou ser do mal. - Eis a questão. -

Ser do bem, ou ser do mal. - Eis a questão. -

 

- Segunda-feira 3:30 da tarde, centro do Recife com trânsito congestionado. E eu, dentro de um ônibus que estava na fila, entre outros ônibus, aguardando o semáforo abrir para então seguir viagem. -

Eu estava sentado num banco bem próximo da porta de entrada. Sentado do meu lado estava um rapaz, de talvez uns trinta anos de idade. A porta estava aberta e o ônibus parado, assim como todos os outros, talvez uns trinta ônibus. -

Uma gritaria se fez ouvir na rua, vi pessoas correndo atrás de um adolescente, e logo um grupo se formou a persegui-lo. Infelizmente o adolescente em correria tropeçou e caiu. Em menos de meio minuto, dezenas de pessoas o cercaram e se revezavam aos chutes no adolescente caído. Foram tantos os chutes no rosto e na cabeça, que o mesmo desmaiou. -

Acredite. -

O motorista do ônibus em que eu estava, desceu do ônibus para também ir dar um chute no rosto do adolescente, e depois voltou para o seu lugar no ônibus. - O rapaz que estava do meu lado ficou muito eufórico, assim como vários outros passageiros. - Todos a comemorarem a derrota do bandido adolescente, que já desmaiado, sangrava pelo nariz, olhos, boca e ouvidos. -

O rapaz que estava do meu lado, com muita euforia me convidou para também descer com ele, junto com o motorista, e também ir dar um chute no adolescente já desmaiado no chão. Assim como os outros passageiros de outros ônibus também o faziam. -

- Olhei para ele, bem nos olhos dele, e disse não. -

Não desci do ônibus. Um minuto depois todos voltaram para o ônibus, o semáforo abriu e seguimos viagem sentido subúrbio. -

Ser ou não ser do bem. - Eis a questão, que para mim veio do berço. Mesmo que eu fosse um analfabeto, ou até mesmo um cientista, eu não desceria daquele ônibus - Eis a questão. -

Charles Silva

 

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