A árvore cai

Permaneço atrofiado em minha literatura. As raízes dos aforismos não convencem mais as mudas do jardim bem cuidado; as regagens dos parágrafos jocosos não mais hidratam à terra seca da base. Meus troncos estão grunhindo em sons quebradiços como cacos ao chão, e minhas folhas afoitas fugiram dos meus ombros.

O livro sem palavras se fecha novamente, junto a minha história do Eu-remanescente. Os contos do cândido estão aos redores da Beleza, a propedêutica dos largos conhecimentos de sábios. Mas o belo também perece como a árvore-da-vida; o ciclo das coisas é assim. Não mais luto contra o destino. O raio da morte cedo ou tarde nos atinge: desmatou-me antes da hora, acabou derrubando o tronco nas outras flores ao lado. Faz parte…
 
Quando um suicida se mata, ao menos oito orvalhos naufragam em lágrimas que não se ressecam.

 

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