AGUARELA DA ALMA

AGUARELA DA ALMA

Nesse quadro em que o verde da tinta tem menos cor
E o tempo se entrelaça no misticismo do anoitecer
Colocaste um rio de águas proféticas onde se afoga a dor
E as mágoas se espraiam nas cores rugosas do envelhecer.

Nesse quadro em que as margens do rio estão cobertas por açucenas
E o sol do entardecer vai morrendo em clarões de aurora
Colocastes auréolas e asas prematuras nos meus poemas
De tinta húmida e incolor colhida na face de alguém que chora.

Nesse quadro de alma pintado em tintas que ninguém consegue ver
Encontram-se caídas palavras de poemas que ninguém pretende ler
Ébrias de cansaço, juntas pelo vento nas paredes de qualquer viela.

As cores pardas debotadas e amarelecidas que ensombram a aguarela
É a esperança perdida das coisas que não tive e que no sonho me pintaste
Nesse quadro de tintas e palavras, eu sonhei, tu sonhaste, eu parti e tu ficaste.

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Comentários

Obrigado NEREIDE

Por vezes os sonhos surgem em pinceladas fortes e coloridas resistentes ás vicissitudes do tempo.

Mas nem sempre é assim, os sonhos diluem, ficam as memórias. Estas transportam cores mais ou menos intensas, conforme  a intensidade da relação.

Um beijinho, para si, minha amiga.

João Murty