Apenas escrevendo

Na desmedida ânsia desta escrita

Me traduzo sem pudor,

Regurgitando a minha angústia

Abençoando os meus amores

E exorcizando os meus desamores,

Vertendo invisíveis lágrimas

Que perdi na dor de nunca me encontrar.

E eternamente me procuro,

Pintalgando o meu pensamento

De cor infinda de esperança,

Numa folha de papel de serenidade inundada

E que revejo numa bucólica e vibrante árvore,

Delicadamente me aplainando

E com ternura me transparecendo,

Nela me perco e me encontro

Com sentidas palavras,

Que por mim foram rasgadas.

E assim neste viver sem sentido

Mas que com sofreguidão vivo,

Encontro todas as palavras que piamente,

Desenhando esta vida que desconheço,

Me abraçam e a minha alma possuem.

E assim dolorosamente continuo

Os meus pés beijando o chão que pisam,

E eu me revendo e me encontrando,

Apenas escrevendo...

 

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