Chuva

Cai miudinha, tão solenemente
De mansinho acariciando os seres que toca
As andorinhas, nem rasto delas
Recordo apenas o seu estonteante voo
Que abraço em horas de nostalgia.
E esta chuva tão abençoada em mim desenha,
Uma desmedida ânsia de viver,
E neste momento partem horas de angústia
Que não revejo neste sentir,
E estas límpidas gotas com imenso esplendor
Tocam a minha face de vida sedenta
Que a minha alma carrega
Muitas vezes desnudada na minha dor,
E esta chuva miudinha seduz-me sem pudor
E em mim abraça o viver,
Que desmedidamente anseio sem o seu rosto reconhecer
E intensamente em mim vibra
Numa pequena e fugidia gota,
Desta chuva miudinha que candidamente
Acaricia o meu rosto...
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