Comemorar a vida

– Fiquei deveras hoje
 
cativo ao sul da mesma manhã
 
onde nos embrenhámos solícitos
 
fraternos
 
compelidos na plena formosura
 
dedicada,recíproca
 
por tantas meditações acuradas
 
na génese esbelta onde pernoitámos
 
em promiscuidades cúmplices
 
maturadas pela tua meiguíce
 
 
– O que em mim predomina
 
será um gomo de vida mílimetricamente
 
saudado em teus assédios
 
será apenas a beleza
 
que o tempo de enxurrada
 
nos faz viver,
 
tão terna e desesperadamente
 
 
– O que não nego são
 
preces que decorei ao sabor
 
temporal da nossa fiel adoração
 
como recompensa final
 
onde povoamos este triste tédio
 
com palavras logradas no liberto
 
perdão que oblitera de vez
 
cada pecado rasurado em
 
páginas implacáveis decifradas
 
em tanto  amor planejado
 
envelhecido pelas conquistas onde
 
se fazem despertar até os silêncios
 
do teu sublime e tão fatídico assédio
 
 
– Só quero que me restituas
 
a esperança
 
que me refrigeres o desconsolo
 
onde eclodem minhas visões
 
lavradas em chamas vivas
 
abrasadas assim
 
onde simplesmente nos excedemos
 
trágicos e sem tempo
 
de por cobro ao tempo
 
 
– Assim nos extinguimos sem repúdios
 
acometidos, insurrectos
 
pressentindo o fremir ténue
 
em cada onda em silêncios
 
cada momento velado em despedida
 
sem mais homenagens que se
 
elevem no pódio da vida
 
– Vivamos sem mais lutos itinerantes
 
convertamos esta poesia
 
em despojos tão lentamente ofertados
 
em episódios banhados de amor
 
que me fazem compartilhar
 
o tempo e a eternidade
 
ecoar,bramindo, entoando,
 
assim lentamente nos aconchegando
 
tão vivos de vida comemorando
 
FC
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