Como deixar-te ir?! Ajuda necessária!...

O meu cérebro é uma coisa engraçada... mas o meu coração é ainda pior, acho eu! Agora, imagine o que acontece quando eles não estão de acordo?!... Bom, é aí que começa a festa... e mesmo sem convite eu tenho de lidar com isso tudo, não tenho outra opção! O meu cérebro é racional (na maioria das vezes), lógico (nos dias bons) e sempre muito trabalhador... (bastante cansativo, para ser honesta!) Funciona 25h por dia, 365 dias/ano... sim está certo, faz sempre horas extras gratuitamente! O cérebro é o racional e factual!

O meu coração é de alguma forma um lugar acolhedor onde guardo aqueles que amo e dos quais me lembro com carinho. É um lugar difícil de chegar, mas uma vez que alguém ganhe um espacinho lá dentro, o difícil é sair... e isso é exatamente o que o cérebro não entende. O coração é o eterno sentimental.

Bem, estou no meio de uma zanga entre eles sobre diversos assuntos e pessoas... mas como manter o equilíbrio? Quem está certo? Existe, na verdade, um lado certo ou errado quando se trata de sentimentos e factos?! Yap, eu também estou a tentar descobrir isso! Por favor, junte-se a mim nesta pequena jornada – que já começa a ser demais só para mim!


- "A pessoa não quer saber mais de ti, tu estás morta para ela!" - exclama o cérebro. "Porque é que ainda falas nisso?!"
 
- "Só porque eu não sou nada para alguém, isso não significa que eu sinta o mesmo!" - responde o coração irritado. "Não posso apagar as lembranças e os bons momentos, não é? Eu não esqueço as coisas boas que me fizeram, sou grato por isso e quero retribuir!"
 
- "Acho que estás um pouco confuso agora... guardar memórias é uma das minhas muitas funções, não tua!" - diz o cérebro em tom sarcástico. "Mas posso tentar resolver o problema para ti..." - diz agora rindo muito num tom de gozo!
 
- "Tu sabes o que quero dizer!" - responde o coração em tom ofendido! "Eu gosto de manter as pessoas próximas, quando eu gosto delas a sério, eu importo me profundamente com elas! Por que não podemos ser todos iguais?! Seria tudo muito mais fácil!" - diz muito triste.
 
- "Isso não faria sentido! As pessoas não são robôs, não são programadas com configurações padrão! E ainda bem! Isso seria muito aborrecido, só para começar..." - diz o cérebro. "Mas diz-me, porque é anseias tanto ter uma amizade com essa pessoa?"
 
- "Bem, eu gosto de pessoas engraçadas, com quem seja fácil conversar, bons ouvintes, que se importam com os outros, e porque acho que preciso de uma melhor amiga, daí ela ser uma boa opção!" – responde o coração, com um sorriso saudoso. "Eu ainda me lembro dos tempos em que éramos próximas, compartilhávamos informações pessoais, confiávamos e apoiávamos uma à outra e éramos honestas, mesmo quando era difícil."
 
- "Porque é que as coisas mudaram? Parece que agora vocês se odeiam... porquê tal reação?!" – indaga o cérebro curioso.
 
- "Eu não a odeio... Bem, eu tentei, para ser honesto, pensei que isso facilitaria as coisas... mas, como eu disse, houve bons momentos e memórias que eu não posso simplesmente ignorar e excluir! Eles foram muito importantes para mim! Bem, acho que ainda são! Eu gostaria que pudéssemos ter um botão reset e um delete, assim poderíamos apagar as coisas negativas ou até mesmo reiniciar as coisas sem quaisquer vestígios ou memórias passadas. Apenas um novo recomeçar!
 
- "Então, tu não a odeias. Mas e ela, odeia-te?"
 
- "Bem, eu espero que não! Acho que ela está chateada como eu estive por um tempo... mas agora sou capaz de ver além da frustração e do que correu mal ... estou pronto para dar outra oportunidade e fazer as coisas certas para que desta vez não acabem do mesmo jeito! Eu sei onde errei e aprendi com o que aconteceu! A distância fez-me perceber o que considero importante... mais do que arrependimento por quaisquer ações e palavras impensadas, eu sinto é falta da pessoa que um dia considerei uma boa amiga e em quem confiei!"
 
- "Tu sabes que isso é o que tu sentes, certo? Mas, achas que a outra pessoa sente o mesmo?"
 
- Humm … Infelizmente não!" - diz muito chateado e quase em pranto. "Mas eu faria qualquer coisa para mudar isso! Sei que pareço muito carente e como um cãozinho sem dono, mas é como me sinto de momento!"
 
- "O que achas que poderia ser um bom começo?" - indaga o cérebro.
 
- "Eu sei que disse coisas que podem tê-la magoado, eu deveria ter reagido de maneira diferente em certas situações e poderia ter sido menos sensível por vezes. Infelizmente às vezes, para mim quando gosto de alguém, é difícil esconder as minhas emoções, porque tenho medo de que a pessoa se vá embora (como toda a
gente que amo sempre faz!), daí que nem sempre me consigo controlar!"
 
- "Tu estás-me a dizer que nem sempre sou tão racional quanto deveria ser?!" - pergunta o cérebro surpreso.
 
- "Humm... sim!" - murmura desconfortavelmente o pequeno coração.
 
- "Mmm... eu acho que às vezes faço isso...” – pondera o cérebro um pouco retraído. “Desculpa se contribuo para os teus problemas! Não sabia que eras tão inseguro com as pessoas e com os teus sentimentos!"
 
- "Eu sou... por isso é que eu tento criar uma grande barreira entre mim e as pessoas, dessa forma percebo quem realmente vale a pena deixar entrar e manter lá unicamente aqueles que se esforçam para quebrar essa parede e chegar até mim . E, às vezes eu simplesmente sinto um a ligação muito grande com alguém sem saber qual o motivo. Isso foi o que aconteceu neste caso ... desde o dia em que a conheci, pude sentir que éramos tão parecidas na forma de pensar, agir, comportar, lidar com as coisas... bem, não sei explicar e parece tonto se eu tentar... Oh, eu sou louco, eu sei!" - sorri timidamente.
 
- "Eu não digo que sejas louco, mas na verdade não faz muito sentido para mim... mmm, não importa! Coisas estranhas acontecem por vezes. Eu entendo isso!"
 
- "Acho que olhei para ela como alguém em quem podia confiar, provavelmente estava-me a sentir muito sozinho e deixei apenas os sentimentos tomarem conta de mim. Eu precisava de uma amiga e inconscientemente ela tornou-se essa pessoa. Eu conhecia numa época de carência emocional, talvez se eu a conhecesse noutra altura a minha perspetiva e sentimentos seriam diferentes... acho eu!"
 
- "É por isso que, quando estamos sozinhos e vulneráveis, devemos ter cuidado, porque esses são os momentos certos para baixar a guarda e deixar entrar pessoas na nossa vida que numa situação normal nem consideraríamos.” – diz o cérebro em tom empático. “Da mesma forma, é nessas ocasiões que projetamos nos outros o que precisamos e procurámos pelo que nos falta, pois isso faz-nos sentir um pouco menos vazios. Acho que foi isso o que talvez aconteceu contigo. Estou certo?”
 
- "Infelizmente, acho que sim." – responde com as lágrimas nos olhos. "Estou feliz por tê-la conhecido, não me interpretes mal! Mas por causa das minhas necessidades naquele período, posso ter colocado muita pressão sobre ela e provavelmente também esperei mais do que deveria ... depois, comecei a sentir-me colocada de lado e isso me assustou... pensei que ela se fosse embora ou que alguém me ia substituir, às vezes éramos desagradáveis e injustas uma com a outra e, a certo ponto, não havia mais confiança entre nós, ... bem, eu não quero dar desculpas, o passado ficou para atrás. Sinto muito pelo que aconteceu e já fui capaz de super ar as coisas negativas! Só gostaria que ela também pudesse dizer o mesmo!"
 
- "Como é que te sentes depois de expôr as tuas preocupações?"
 
- "Humm, um pouco mais leve confesso, mas contar as coisas não resolveu nada, não é? Tu não podes mudar o presente ou o futuro, certo?"
 
- "Bem, infelizmente eu não tenho super-poderes... o que é que já tentaste fazer para resolver as coisas?"
 
- "Bem, eu tentei explicar-lhe as coisas por meio de cartas, textos, mensagens, tentei falar com ela, dei-lhe tempo mas não quero insistir a ponto de me tornar impertinente. Bem, provavelmente eu não sou nada para ela como dizes ... tu estás certo, só porque eu sinto algo não significa que ela algum dia sentirá o mesmo..."
 
- "Então, parece-me que já lhe mostraste que estás disponível para concertar as coisas." - concluiu o cérebro.
 
- "Sim, acho eu! Eu gostaria de poder colocar tudo isto para trás das minhas costas também, mas como? Como posso simplesmente esquecê-la? Para ser completamente honesto, preciso dela mais do que eu já alguma vez precisei ... e talvez seja por isso que eu não consigo deixá-la ir! Eu estou sozinha, não tenho ninguém a quem possa realmente chamar uma verdadeira amiga ou em quem possa confiar … Bem, talvez eu ainda não tenha saído da fase vulnerável!"
 
- "Porque é que não tens amigos? Onde estão aqueles a quem tu chamavas de amigos?"
 
- "Pode parecer estranho e não fazer sentido, mas a verdade é que às vezes existem situações na vida que nos testam e quando fazemos a escolha errada, temos que arcar com as consequências... bem, perder os meus amigos foi a consequência de uma escolha que eu fiz."
 
- "Mmm..." - o cérebro fica confuso. "Desculpa, não percebi..."
 
- "Eu explico-te." - diz o coração pacientemente. "Eu era membro de algo de onde a maioria dos meus verdadeiros amigos também são membros. Mas, tive de deixar de ser membro devido a uma escolha que fiz. Então, agora como consequência, os meus amigos e eu não temos permissão para conversar ou socializar. Eu entendo as regras e aceito-as ... mas, às vezes, sinto falta dos momentos que passávamos juntos, dos lugares onde íamos e das coisas que tínhamos em comum. Acho que agora podes entender quando eu digo que não tenho mais ninguém."
 
- "Sim, agora percebo-te. Mas é triste."
 
- "Sim é, mas eu devia ter pensado nisso antes de ter tomado a decisão, isso é responsabilidade minha... Bem, para ser sincero, isso é o que acontece quando eu deixo meus sentimentos e emoções tomarem conta e dominar-me…nunca acaba da melhor maneira."
 
- "Bem, acho que podes estar certo. Mas provavelmente haverá algumas exceções. Então, mas o que é que vais fazer com essa pessoa?" - pergunta o cérebro preocupado.
 
- "Para ser sincero, acho que vou apenas dar tempo e espaço à pessoa, como tenho feito até aqui. Quem sabe se um dia ainda terei notícias dela! Não posso fazer mais nada, não é?"
 
- "Eu acho que é a coisa certa a fazer! Ela sabe como te sentes, agora é só seguires com a tua vida... já fizeste a tua parte e entretanto não podes mudar mais nada..."
 
- "Eu sei... mas sabes, o que mais me dói é o silêncio e a indiferença dela... eu entendo que essa talvez seja a forma dela lidar com tudo, incluindo com os seus sentimentos ... mas não sei e acho que talvez nunca vou ser capaz de descobrir." - diz o coração triste. "Sabes uma coisa?! Acho que é a primeira vez que conversamos com tanta calma e abertamente sobre algo e estamos de acordo até certo ponto! Estou impressionado!"
 
- "Agora que mencionas isso, eu estava a pensar o mesmo... nós trabalhamos bem como uma equipa, mas precisamos ter mais discussões como esta para ser francos um com o outro, colocando todos os fatos e sentimentos na mesa, não é?"
 
- "Concordo plenamente! Por que não fazemos um pacto?!" - diz o coração muito entusiasmado.
 
- "Aqui vamos nós... já estás a ficar muito animado, não acho que seja uma boa ideia!" - exclama o cérebro. "Vamos apenas prometer consultar e conversar um com o outro sobre todas as coisas antes de se tomar qualquer decisão. O que achas?"
 
- "Ah, ok então. Talvez tu devesses ser o meu melhor amigo assim eu já não precisava de procurar noutro lugar."
 
- "Uma coisa de cada vez coração!"
 
- "OK, entendido!" - diz o coração.
 

Bem, "a festa" hoje teve um final inesperado... também, não houve muita discussão, até acabaram como amigos! Então, essa foi a jornada por hoje... não se preocupe, vou mantê-lo atualizado com os novos desenvolvimentos. Tenho a certeza que não vai demorar muito até que outra discussão comece... mas por hoje é tudo!

Lições aprendidas:

• Sentimentos e razão são cruciais na nossa vida, precisamos de ambos, como seres humanos;

• Cada situação tem consequências e devemos pensar bem antes de tomar qualquer decisão;

• Não podemos mudar o passado, mas precisamos continuar;

• Vivemos no presente agora e o futuro virá em seu próprio tempo; 

• Não podemos prevê-lo apenas podemos fazer o nosso melhor em cada momento agora, para que possamos aproveitar o futuro sem arrependimentos;

• Cometeremos erros, claro que sim, mas devemos aprender com eles!

• Se tu sabes o que fizeste de errado, pede desculpas e, por favor, não o repitas!


Não vou deixar o meu passado definir-me ou impedir-me de fazer o que quero! O meu passado deu-me ferramentas poderosas para ter sucesso...! O presente é quando eu as coloco em prática e o futuro será quando receberei minha recompensa ou punição - dependendo de minhas ações agora!


 

Género: