Completo

 

Me completo deixando espaços em branco

Nos intervalos de um tempo ininterrupto,

Evoluo fazendo sempre tudo igual

Como células que se repetem para morrer.

 

Acho que sou um átomo...

Vivo em constante explosão

Colidindo com meus próprios pensamentos

Coligando-me com os fantasmas,

Sombras de mim,

Que me tornam completo.

 

Meus passos se apagam, se anulam

Sem pegadas, sem registro, sem passado.

Sem passado, sem história, sem futuro.

Sem futuro, sem planos, sem retas.

Sem retas, sem curvas, sem metas.

Sem metas, sem perspectivas, sem superfície.

Sem superfície...

 

Um buraco, um abismo, um nada.

Que, na falta de tudo

É, por si só, completo.

Rodrigo Dias

(in: “Expressões Impressas & Impressões Expressas”; Usina de Letras, Rio de Janeiro, 2009)

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