Conto perfeito

Conto perfeito

Tudo era tão certo, tão certo que
o incerto saiu correndo sem olhar pra trás.
Todas as duvidas se fundiram e uníssonas
cantavam na mesma entonação.
Foi assim este encontro, o mais perfeito
possível que humanos poderiam perfeitar.
Éramos idênticos, do mesmo tamanho,
peso, no olhar, pensamento, na altura,
jeito, no desajeito, cor e trejeito.
Éramos cópia da fiel imagem do
espelho na cristaleria.
Poeta neste conto ainda não existia,
qualquer palavra era manca para exatar.
O tempo no tempo deste conto era lento, despacito,
parecia que dava passos pra traz.
E o rebento que veio deste encontro era como deus grego
como silencio no canto gregoriano a bradar.
Neste contar fica tudo incompleto,
qualquer conto é menos que dez contos, moeda do passado
que não dá mais pra descontar.
Findo aqui neste canto este conto.
Seria ousadia, erro, persistir neste contar
que desencontra os lábios ao narrar
e em silencio une as bocas para saborear.
Neste conto só encontro encanto,
já muito contei e não consegui explicar
sobre algo que não há nada mais a considerar.

Género: