Diálogos do Éden ( parte V)

Ternura para Ti desde o Texto e desde a Além-e-Aquém-Corpo,

com chuva e vento e relâmpago, imensamente.

Fui feito para a tua boca.

 A sede te conduz à vertigem nos limites dos meus lábios.

Milhares de ventos unem-se em torno do caos ardente

 e de novo o amanhecer recai em chuva de orvalho em corpo nu.

 Escrevo-te na ternura com dedos de água,

em tempestade do alfabeto,

em sílabas de Tacto,

em corpo de texto.

No despir da noite,

trocamos nada por tudo num envolvente abraço

com firmeza de flecha em chão de argila.

Somos a língua que repousa no horizonte vermelho do Deserto....

A ternura furibunda de eternamente Buscar-te.

Nos confins do Éden.

Sinais de relâmpago no peito e nos olhos,

toca-me antes da obscura incógnita

Tocar-te é a impossibilidade do espírito,

É desejo na gramática dos sentidos.

Ânsia de romper sílaba a sílaba, sopro a sopro,

a angústia dos lábios que Te buscam no Labirinto do Jardim.

Fazer dos rios ícaros do Mar,

A ousadia do amor no Corpo depositada.

Enquanto vibra a carência inadiável e o delírio gritante de Ti-em-mim.

Quando vens?

Quando o dia se fundir na noite e o Sol da Lua no teu olhar resplandecerá,

palavra de Mulher.

Quando vens? Oh Palavra-Corpo intocável que tanto queima até haver deserto somente.

Beijar –te é parecer,

Escalar montanhas em corpo nu.

E renascer nas atmosferas mais elevadas

com tacto in-finito trans-finito de além-eaquém-corpo.

Inspirar todo o ar até o cansaço tomar conta de nós,

abrir novos caminhos, por entre becos,

perder-te em mim.

Ser inteiramente vento de fogo

que arde sem se ver.

Em terna ondulação, dança de em mim ardente,

O vazio da palavra se repete inscrita na tela da alma, AMOR futuro,

em flor rosa vermelha.

Carinho de pétalas,

carícia de pétalas,

cântico de pétalas.

È carência depositada em cada pétala,

reanimada em vermelho fogo.

E a alegria feroz dos espinhos abre a artéria por onde me escorres,

palavra íntima e longínqua de Amar-te.

Nesta réstia de Luz funde-se a Origem de tudo.

Tudo á flor da pele.

Além – derme.

 

Gila Moreira e Renato Jesus

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