E depois...o adeus

Michael Hoppe - Farewell

E depois escrevi estes versos
 
no sossego de um dia
 
murchando devagarinho
 
reconciliado num adeus,
 
até depois… tão órfão e peregrino
 
 
- Foi num espaço decretado
 
de tempo
 
que pavimentamos o soalho
 
da vida
 
repleto de sedução
 
caminhando pelas ruelas
 
da saudade quase desbotada
 
implorando urgente
 
uma singela obra de manutenção
 
 
- E depois…o adeus
 
despedindo-se dentro de nós
 
ao desencontro do nada que resta
 
indiferente à perpétua hora
 
morrendo devagarinho num recanto
 
qualquer perdido na fresta
 
ou no silêncio dos teus prantos
 
 
- E depois…o adeus
 
abandonando-me de vez
 
melindrado
 
vulnerável
 
formal
 
deixando na plataforma deste versos
 
o som do canto aflito
 
demorando na despedida
 
o aperto comovido do adeus
 
na hora da partida
 
 
- E depois…o adeus
 
partindo pra lugar nenhum
 
demorando a presença do teu ser
 
esquecido
 
encontrar o nosso remetente
 
amenizando as cicatrizes
 
umbilicalmente abraçadas a estes versos
 
que deixamos amortecidos
 
na matriz do tempo
 
algoz e sem outra directriz
 
 
- Será apenas só mais fácil
 
sonhar-te cada noite
 
imaginar pra lá de um
 
sumido sonho
 
o reencontro da vida fecundada
 
na antecipação de uma lágrima
 
alimentando cada ciclo de um adeus
 
onde me aventurei como passageiro
 
desta saciada existência madrugando
 
na chama das lembranças eternamente camufladas
 
onde me fiz teu fiel hospedeiro
 
 
FC
Género: