FELIZ DE AMOR!

 

Não sabes que ao ver-te triste,
E pensativa a meu lado,
O rosto na mão firmado.
E os olhos postos no chão,
Calado, ancioso, anhelante,
Quero ler no teu semblante
A causa da dôr constante
Que te opprime o coração?

Pois não basta o meu amor
Para te dar a ventura?
Responde: quando a luz pura
Do sol vem beijar a flor,
Não lhe accende mais a côr?
Não lhe dá mais formosura?

Agora, quando se inflamma
Em teu peito aquella chamma,
Á qual tudo se illumina
De viva, encantada luz,
Dize: é quando, minha vida,
Pallida, triste, abatida,
A tua fronte se inclina,
E melancolica sombra,
De mal contida amargura
Nos teus olhos se traduz?!

Certeza de que és amada
Com quanto poder na terra
Em peito de homem se encerra,
Tem-la em tua alma gravada!
Então de fundo desgosto
Porque vem nuvem pesada
Carregar teu bello rosto?

Pois se ao vívido calor
Do sol a rosa fulgura
E redobra aroma e côr,
Não te ha de dar a ventura
A chamma do meu amor?!
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Comentários

Uma poesia muito bela. Essas palavras foram muito bem escolhidas para montar grandes versos para um grande poema como este.