Minutos famintos

O que faço das palavras senão a
 
minha arma perpetrando-te
 
como as ciladas que invento
 
ao alimentar a inspiração
 
faminta em cada momento
 
 
 
- Que faço dos meus versos
 
senão as pontes tangenciais
 
onde unimos as margens do
 
silêncio
 
reencontrando-nos a bordo de cada
 
palavra navegando de contentamento
 
 
 
- Que faço das minhas rimas
 
deixadas no réveillon dos tempos
 
sem sequer me consumir no sabor
 
da tua harmonia trajada
 
no colorido dos ventos
 
deixando todas as vogais atónitas
 
espraiar-se na sonoridade intercalada
 
nos desejos e nas preces
 
despressurizando-me tão caladas
 
 
 
- Que faço da poesia
 
morrendo grávida e faminta
 
por uma rima que tarda
 
e depressa se requinta
 
regurgitando sonoridades
 
quase perfeitas
 
formosas
 
e toantes
 
desembocando na grafia
 
de um verso rimando sem limites
 
em emoções tão beligerantes
 
 
 
- Deixarei que outras palavras
 
embriagadas na noite
 
contornem o semblante esquivo
 
e expectante do teu ser
 
Pincelem o tamanho das  lágrimas
 
que espiam o eco pitoresco de uma
 
eleita ode se refinando na ermida
 
dos silêncios tão quânticos
 
e inebriantes
 
FC
Género: