Pelas frestas da luz

Pelas frestas da luz choraminga o dia
tristonho e ali refastelado
À beira de um riacho de murmúrios
fenece um breu tão inconsolado
Assim se descarta o tempo em
sessenta segundos afortunados
 
Pelas frestas da luz flutuam duas
lágrimas gentis e lisonjeadas
Realçam a solidão pousada entre as
caleiras de uma hora excitada
Enquanto tranquila e naufragante
adormece cada brisa tão pavoneada
 
Pelas frestas do teu olhar apascento um
tsunami de luminescências enamoradas
Aconchego-me nos teus braços que abraçam
as mais felinas caricias exasperadas
Irradiando em silêncio um tão perplexo sussurro
clonado pelas palavras afeiçoadas
 
Frederico de Castro
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