Quando tu não estás...

Esqueci toda a razão dos mistérios do tempo
Quando decorei a alma com infinitos prazeres
Engordando o volume da minha solidão
 
Subi ao firmamento dos teus céus fraternais
Desci pelas montanhas do teu ventre feito socalco
Do silêncio crepitando num frémito desejo excepcional
 
Vivo da saudade que se regenera minuto a minuto comprimindo
Abruptamente nossos sonhos num dócil arpejo que orquestro ao
Raiar de mais um dia saudando a luz grácil e integral
 
Deixei os páteos da solidão entreabertos à memória que cintila em
Cada via láctea desta rima sem qualquer escapatória agasalhando todo
O clamor de tantas, muitas lusíadas palavras sempre conciliatórias
 
Entre os quadris na noite some o tempo repleto de gemidos tão propiciatórios,
Polindo os cantos à solidão vestida de tristeza pranto e comoção, consumindo
Toda a luz obcecada pelo topless da madrugada chegando indisciplinada e atrevida
 
É tempo de mastigar devagarinho cada estrofe onde se avoluma
Com perícia este impregnante lirismo que clono no altar das minhas aflições
Intrínseco momento engravidando aquele despencado sorriso de ternas afeições
 
A palpitar ficou depois a esperança ardendo em preces de perseverança
Crença em que finalmente padeço mais satisfeito, pois a fé agora ruge
E urge residindo lá no cume de todas as bem-aventuranças
 
E enquanto escuto o silêncio do espirito brando e gentil subo até ao
Último degrau deste exilio sempre abençoado e altruísta encerrando de vez
O órfão sonho que sedentário retoco florindo eternamente mais totalitário
 
FC
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