QUEM QUIZER ENTENDER QUE ENTENDA II

Tuas palavras são areia onde planto o meu deserto

E onde brota de seu chão minha estrutura mais concreta

E no final de tua cantiga aveludada e tão discreta

É que se acaba o meu valsar mais comedido e tão mais certo

 

Nas linhas de tua mão é que se prende o meu futuro

E somente quando as fecha é que conheço o nosso mundo

Entre centelhas de esperança e um desejo tão profundo

O que eu vejo é paisagem em um alto e firme muro

 

Quem me dera senhorita me fizesse aqui ser claro

E entendesse que eu lhe digo com palavras diferentes

Tudo aquilo que dizia em teus lábios estridentes

E que pouco consumia em seu desenvolvido faro

 

Mas eis que é uma ideia tão difícil de valer-se

Como os pinhos matutinos que nunca hão de florir

Com estrelas de cristal e nem luzinhas que sorrir

Mas banhada da certeza que não prova a letra cê.

 

Me perdoe outra vez por mencionar minhas amigas

Estrelinhas matutinas que o mar já engoliu

Mas já é sabido e bem cantado pela voz que nos ouviu

Que as maiores novidades são aquelas mais antigas

 

Oi! Mas eu por essa vida nunca hei de me esquecer

Das palavras proclamadas sob o sol desse verão

Sob o calor tão amistoso que irradia solidão

E que faz o nosso fruto amadurar e apodrecer

 

Minhas palavras já são fortes e eu não posso desculpar

Pois são cantadas em seu tempo e são amadas no compasso

Perfumadas, maquiadas em papel e um bom laço

Bem ouvidas e entendidas e esquecidas pelo ar

 

Eu não queria me alongar mais do que fosse necessário

Mas que outra forma de explicar minha real entonação

Se não for pela clareza dessa minha exposição

Não havia nessa terra quem me cantasse algum canário

- Contador de Histórias -

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