Rua acima rua abaixo,

Rua acima rua abaixo,
 
Calçada portuguesa já gasta,
Em si a memória, do arrastar,
Do movimento coxo do ardina,
Rua acima, rua abaixo apregoar,
Noticias fresquinhas da alta casta,
Ou os tamancos da nobre varina,
Com peixe fresquinho da lota,
Ai a saudade, dessa altura remota,
Onde cheia estava a rua, de gente apresada,
Era o salto da alta-costura, o chinelo da criada,
Pé descalço do pedinte, 
A pressa do contribuinte,
O carteiro, o pedreiro,
O caixeiro-viajante,
Rua outrora cheia de gente!
 
Hoje,
Calçada vazia,
Lojas fechadas,
Assim desprovida,
Do brilho das fachadas!
 
Apenas eu…
Serpenteando os desenhos,
Desta nobre calçada,
Subindo ou descendo,
Uma rua abandonada!
 
Alberto Cuddel
 
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